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Acusada pelo MP pela morte do marido, Flordelis comemora 60 anos
O culto em comemoração ao aniversário de 60 anos da deputada federal Flordelis (PSD-RJ) estava marcado para as 9h de domingo (7), mas tudo atrasou, inclusive a aniversariante. Começou 40 minutos depois, puxado pelo pastor André Rosa e louvores cantados por quase 80 pessoas sentadas.
Só às 10h a pastora chegou à igreja Ministério Cidade do Fogo, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, amparada por cinco pessoas, entre seguranças e assessores.
O atraso foi justificado por mal-estar no dia anterior. Segundo sua equipe, Flordelis tem estado muito abalada emocionalmente por tudo que tem vivido.
Apontada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, em 2019, Flordelis entrou na igreja com ares de popstar: abraçou e cumprimentou várias pessoas. Usava saia preta longa, uma blusa de poá e máscara preta. Ao longo da cerimônia, pedia a bênção aos presentes, fiéis, assessores e aos jornalistas e fotógrafos, citados nominalmente em cima do púlpito. A igreja fica em um bairro residencial.
Na sala bastante ampla ficam um palco e um enorme telão, em que são exibidas letras de louvores e avisos, alertando para o uso obrigatório de máscara.
Já a refeição — era dia de Santa Ceia — foi oferecida em outra parte da igreja, em um andar acima. De acordo com frequentadores antigos, em outros tempos a igreja estaria repleta, com ao menos 500 pessoas. Depois da morte de Anderson, e de toda a trama novelesca que se seguiu, o movimento por lá hoje foi bem mais discreto.
À esquerda da entrada, cadeiras encostadas e empilhadas lembram a época em que os cultos traziam multidões. “Foi muito difícil a morte do Anderson, porque ele era um paizão para a gente”, diz Bruna Rangel, 24, secretária da igreja desde 2017. “Ele aconselhava, era uma pessoa boa, sempre passando muitos ensinamentos. Quando ele orava, tinha o dom. A igreja parava para ouvir.
A secretária da igreja se surpreendeu com o afastamento de muitos, diante das acusações. “Se tivesse uma poça de água, tinha gente que se jogava na frente para a pastora passar. Muitos puxavam o saco. Não entendi nada quando as pessoas viraram as costas.”
Para a funcionária, que convivia com o casal, Flordelis não tem envolvimento com o crime. “Acredito na inocência dela, porque a gente sempre viu muito carinho entre os dois, então nunca desconfiei”, diz. Das nove igrejas de Flordelis em São Gonçalo, só aquela segue aberta.
Fonte: Uol