Cidades
Ativa idade: projeto da UEPB atua junto a idosos de Campina Grande
Iniciado em 2015, o “Ativa Idade: envelhecimento saudável na comunidade”, é um projeto de extensão do curso de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) que tem como objetivo promover saúde e qualidade de vida para a população idosa, desenvolver atividades educativas em saúde, estimular o autocuidado, identificar problemas de saúde bucal nos idosos, além de oferecer aperfeiçoamento aos agentes comunitários de saúde no cuidado com as pessoas idosas.
Idealizado pela professora Renata Cardoso, o projeto partiu de uma pesquisa realizada em Campina Grande, sobre acesso a serviços de saúde, no qual foi constatado que quanto mais avançada a idade do indivíduo, menor sua renda e escolaridade e a procura e acesso aos serviços de saúde. Apesar de ser uma atividade de extensão o “Ativa Idade” é um projeto interdisciplinar que conta com a participação de extensionistas de diferentes áreas do conhecimento como Psicologia, Fisioterapia, Farmácia, Educação Física, Enfermagem, Serviço Social e Jornalismo.
“Mesmo reunindo diferentes áreas de estudo as atividades desenvolvidas pelos extensionistas são realizadas sempre em conjunto. Nunca a gente procura fazer o trabalho em caixinhas separadas. Na realidade a gente quer a produção de um conhecimento novo partindo dessa interação de mais de uma área do conhecimento”, explica a professora e coordenadora do projeto, Renata Cardoso.
No período em que eram realizadas as atividades presenciais, a equipe promovia diversos encontros para estimulo dos idosos, com exercícios de prevenção ao Alzheimer, utilizando quebra cabeças e jogo da memória, atividades de pintura, grupos de escuta e acolhimento, além dos atendimentos na higiene bucal. Os idosos que tinham mobilidade e podiam se deslocar eram atendidos na Unidade Básica de Saúde (UBSF), a equipe ainda realizava visitas domiciliares aqueles que não tinham condições de deslocamento por motivo de saúde.
Com o início da pandemia, devido aos decretos estaduais, as atividades presenciais foram interrompidas e o projeto precisou se reinventar para o formato remoto. A partir disso, os extensionistas tiveram a ideia de planejar um cuidado virtual para manter o compartilhamento de experiências e vivências com os idosos, a tecnologia passou a ser utilizada como ponte entre a Universidade e a comunidade.
Durante a pandemia de Covid-19 a equipe envolvida precisou realizar adaptações ao trabalho, os estudantes foram incentivados a buscar ainda mais conhecimento para a efetivação das atividades no novo formato, e algumas ações foram intensificadas, tais como as postagens educativas nas redes sociais do projeto, desenvolvimento de podcasts, produção de material para divulgação da ciência. “Todas as ações e materiais produzidos pelo projeto são compartilhados com a equipe de saúde, vídeos, posts, e também através das redes sociais, e temos tido um bom retorno, uma boa aceitação do trabalho que vem sendo realizado nesse novo formato”, conta a coordenadora Renata.
Atualmente o projeto é realizado na UBSF do bairro Cinza, em Campina Grande, onde foi criado um grupo virtual para acompanhamento da comunidade idosa em parceria com o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET) Cinza. Cada aluno é responsável por contatar três idosos. Os contatos podem ser semanais ou a cada 15 dias a depender da vontade do idoso, através de ligações telefônicas, chamadas de vídeo ou aplicativo de mensagens. Durante o contato são realizadas orientações sobre assuntos relacionados à saúde, higienização, importância do uso de máscara e distanciamento social, além de reforçar sobre a manutenção dos cuidados mesmo após a vacinação.
Segundo a participante do projeto no último semestre, Dona Maria, mesmo sendo realizados remotamente, esses encontros têm feito a diferença na vida dos idosos que vivem este momento de pandemia. “Fiquei muito feliz em conversar com aquela menina, ela é um amor de pessoa, não conheci pessoalmente, mas ela me prometeu que um dia virá me visitar na minha casa. Gostei muito dela, foi uma maravilha, conversava com ela e ficava feliz naquele dia que a gente conversava, sorria, brincava como quem fosse já conhecida, amiga minha mesmo, gostei muito dela e fiquei com saudades. Quero muito bem a ela”, destaca.
Para o estudante do 7º período de Odontologia que participa do projeto desde 2018, Ricarlly Almeida, “a iniciativa foi muito importante nesse momento de distanciamento, o projeto é muito bem recebido por eles, sempre com muita alegria. Sou apaixonado por esse projeto, eu me encontrei, tive uma recepção maravilhosa, o olhar com a saúde pública, o olhar voltado para o idoso. A gente vê o ápice desse projeto quando o contato com o idoso fica tão natural que eles nos chamam de netos. É simplesmente maravilhoso. Muitas historias que nos tocam o coração, a gente vai tentar levar conhecimento e sai mais aprendendo do que levando conhecimento. Eles têm muito o que falar, nos tornamos uma escuta. Além de passar atualizações, recomendações, é muito interessante ver essa curiosidade e aceitação deles”, explica.
As seleções para novos extensionistas são realizadas duas vezes por ano, a cada fim de semestre, através de formulário eletrônico disponibilizado para os candidatos. Outras informações podem ser obtidas pelo Instagram @ativa_idadeuepb.