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Igrejas estão fechadas ‘em nome de uma pseudossegurança no combate’ à Covid-19, diz Bispo de Campina Grande em carta

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Em carta dirigida aos sacerdotes da Diocese de Campina Grande, o bispo Dom Dulcênio Fontes de Matos critica o que chamou de “discórdias políticas” e “interesses espúrios” verificados nos dias atuais no País.

“Vivemos dias difíceis – é bem verdade! – em que vemos o povo que nos foi confiado sofrer e morrer. Dias em que aquilo que acreditamos e Aquele a quem servimos são relativizados em sua suma importância”, assinala Dulcêniono do documento.

Ele também deseja uma boa Páscoa aos que integram a Diocese e revela gratidão pelo trabalho desenvolvido com os Católicos de Campina Grande. Leia a carta na íntegra:

Campina Grande, 01 de abril de 2021,
Quinta-Feira Santa

Estimado irmão e filho sacerdote,

Ao dirigir-me ao senhor, na paternidade que me é cabida pelo múnus episcopal, faço-o alegremente na esperança de animar-nos uns aos outros nas palavras e no sentimento da fé em Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, Servo Crucificado e Ressuscitado.

Vivemos dias difíceis – é bem verdade! – em que vemos o povo que nos foi confiado sofrer e morrer. Dias em que aquilo que acreditamos e Aquele a quem servimos são relativizados em sua suma importância.

Assistimos, sem saber o que fazer, os nossos templos fechados em nome de uma pseudossegurança no combate a um vírus, quando este é instrumentalizado pelo ódio à fé, causados por discórdias políticas e outros tipos de interesses espúrios.

Porém, não obstante este triste cenário, sabemos que o nosso cuidado pastoral não se restringe a paredes e portas que foram trancafiadas, que o nosso zelo vibrante vai além de decretos e de coibições, porque sabemos que a luz de Cristo é infinitamente mais forte do que a tristeza, a doença e a morte.

Cremos em Cristo, e o nosso ser não se comede em anunciá-Lo, fazendo nossas, para o mundo, as Suas próprias palavras: “Não sabeis que devo ocupar-me das coisas do meu Pai?” (Lc 2,49); porque, como exprime o Apóstolo Paulo: “Ai de mim se não pregar o Evangelho!” (1Cor 9,16).

Caro sacerdote, o Papa São Paulo VI, em um de seus escritos, afirmou ser a Igreja perita em humanidade (cf. Populorum Progressio, 13). Indo já para o segundo ano da assistência e participação ativa nesta calamidade pandêmica, tenho certeza de que em nosso coração urge – ainda mais – a caridade, nascida no ser de Deus, e a fraternidade para com todos.

Como ministros do Altar, o nosso serviço caritativo tem o seu início na Ara da Eucaristia. Levamos o homem à dignidade de filhos de Deus, antes de tudo pelos sacramentos.

Entretanto, o nosso dever vai além: não assistimos apenas o espírito humano, ainda que este seja o seu âmbito mais essencial e fundamental: queremos servir a humanidade integralmente, porque compreendemos que isto faz parte da promoção daquela vida abundante que o Senhor ofereceu a todos com a Sua cruz redentora (cf. Jo 10,10).

Nestes dias, o Papa Francisco, dirigindo-se aos sacerdotes do Pontifício Colégio Mexicano de Roma, animou-lhes a um constante olhar indulgente: “A configuração cada vez mais profunda com o Bom Pastor desperta em cada sacerdote uma autêntica compaixão, tanto pelas ovelhas a ele confiadas quanto por aquelas que se extraviaram. Somente deixando-nos moldar por Ele se intensifica a nossa caridade pastoral, onde ninguém é excluído de nossa solicitude e oração” (Discurso de 29.03.2021).

E se já temos esta sensibilidade para com tantos e tantos sofredores, nunca é demais desenvolvê-la na salutar pretensão de atingir a largura, cumprimento, altura e a profundidade do amor ilimitado de Jesus (cf. Ef 3,18).

Ser grato: é também isto que está em meu coração em relação ao valoroso presbitério de Campina Grande. Clero composto de homens apaixonados por Jesus, amantes da Igreja e servidores do Santo Povo de Deus; varões que fazem jus ao vocativo “padre” – pai. Muito obrigado, estimado filho e irmão, pelo seu testemunho de amor!

Desejando-lhe uma feliz e santa Páscoa, auguro que este dia sacerdotal seja ocasião de renovação em seu ministério de “alter Christus Sacerdos”. Obedientes ao chamado do Senhor em nossas vidas, correspondamos-Lhe por uma vida de santidade, extensiva às ovelhas que nos foram confiadas.

Concedo-lhe, cordialmente, a minha bênção,

Dom Dulcênio Fontes de Matos
Bispo de Campina Grande

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