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Cidades

Presos da cadeia pública de Esperança fabricam telescópios para doar às escolas públicas da Paraíba

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Pessoas privadas de liberdade da Comarca de Esperança estão envolvidas no projeto de ressocialização “Esperança no Espaço”, considerado inédito no Brasil. Lançado pela Diretoria da Cadeia Pública local, em parceria com a 1ª Vara Mista daquela Comarca, o grupo está aprendendo a produzir telescópios artesanais que estão sendo doados às escolas públicas, com o objetivo de divulgar a ciência e motivar os reeducandos, contribuindo para a autoestima, na medida em que busca resgatar a esperança de um futuro melhor pelo caminho do trabalho e estudo.

A ideia do projeto partiu do diretor da Cadeia Pública e astrônomo amador, Lindemberg Gonçalves Lima, e está sendo executado pelo Poder Judiciário de Esperança, por meio das verbas de prestação pecuniária. Essas verbas são repassadas à entidade pública ou privada com finalidade social, previamente conveniada, quando não são destinadas à vítima ou a seus dependentes.

De acordo com a juíza titular da 1ª Vara Mista da Comarca, Paula Frassinetti Nóbrega de Miranda Dantas, a parceria será fortalecida com o apoio da Secretaria Municipal de Educação de Esperança e todos aqueles que queiram contribuir com o projeto.

A juíza, que de logo encampou a ideia, disse que, quando o projeto foi apresentado, rapidamente causou um impacto sem precedentes. “A magnitude do espaço seduz e desperta toda sorte de sentimentos positivos. Quando vimos as imagens produzidas pelo telescópio, artesanalmente fabricado por ele, não tivemos dúvidas de que o projeto merecia total apoio e, de imediato, iniciamos a parceria, com destinação de verbas de prestação pecuniária para a aquisição dos materiais e ferramentas necessários”, comentou Paula Frassinetti.

Ainda de acordo com a magistrada, a ciência transforma, por isso o projeto se apresenta como um verdadeiro instrumento de edificação, não só individual, mas sobretudo social. “O objetivo inicial é fornecer os telescópios fabricados pelos detentos para as escolas da rede pública, mas, em um segundo momento, pretendemos torná-lo rentável para os próprios participantes”, adiantou.

Foto do Telescópio construído pelo diretor com ajuda de reeducandos

Esperança no Espaço

O diretor da Cadeia Pública lembrou que a inspiração do Projeto Esperança no Espaço surgiu a partir da paixão pela Astronomia amadora e a vontade de divulgar a ciência ao maior número de pessoas, doando telescópios às escolas públicas. Como Lindemberg Gonçalves Lima já tinha construído um telescópio em casa, a partir de materiais reaproveitados, como tubos de PVC de esgoto, madeira de reaproveitamento, raios de rodas de bicicleta, cabos de vassoura, entre outros componentes e atuar no sistema prisional, percebeu que o tema desperta a curiosidade e o interesse de alguns reeducandos que já trabalhavam na unidade.

Foto: O diretor Lindemberg ensina a construir o telescópio

“Inicialmente, passei a ensinar técnicas de construção de telescópios refletores na modalidade Amateur Telescope Making (ATM – Construtores de Telescópios Amadores), e Astronomia Básica, oportunidade em que decidi construir o primeiro telescópio na unidade, ao lado de quatro primeiros reeducandos que trabalharam inicialmente no projeto”, explicou.

Ele acrescentou que a ideia inicial foi apresentada à juíza Paula Frassinetti no dia 1º de julho deste ano e que a magistrada, de imediato, apoiou a iniciativa, ofertando condições para que o projeto fosse colocado em prática, possibilitando desenvolver o primeiro telescópio refletor Newtoniano de base Dobsoniana, construído na unidade prisional, com a mão de obra dos reeducandos. “A intenção é expandir o projeto para outras unidades prisionais e beneficiar cada vez mais reeducandos, bem como a sociedade civil, através dos alunos e escolas beneficiadas com a doação”, afirmou Lindemberg Gonçalves.

*As fotos que ilustram esta matéria foram registradas com o telescópio modelo produzido pelo diretor.

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