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Cidades

Projeto Zika da UEPB fica entre as 10 melhores experiências da Paraíba e concorre ao prêmio nacional “Aqui tem SUS”

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Com unidades de experimentos implantadas nos municípios de Tenório, Olivedos e Junco do
Seridó, que integram o Consórcio São Saruê, o Projeto Zika UEPB, desenvolvido pela Universidade
Estadual da Paraíba (UEPB), ficou entre as 10 experiências selecionadas pela Secretaria de Estado
da Saúde (SES), para o prêmio nacional “Aqui tem SUS”. Ao todo, foram inscritos 128 projetos na
Paraíba. O Zika UEPB foi apresentado pela Prefeitura Municipal de Junco, como exemplo de ação
de sucesso do SUS no município.

A seleção aconteceu graças aos efeitos das ações do projeto em Junco, no combate ao Aedes
aegypti, mosquito transmissor da zika, dengue e chikungunya. A produção e distribuição de
repelentes em escolas dos municípios e na Zona Rural, conseguiu diminuir o índice de infestação do
mosquito. O coordenador de Endemias e agende de Saúde, José Eberton Balduino de Brito,
responsável pela distribuição do repelente e pelo acompanhamento dos índices de infestação no
município, relatou que depois do repelente, conseguiu zerar o índice do Levantamento Rápido de
Índices (LIRA) para Aedes aegypti, depois de 16 anos.

“Nós temos certeza que conseguimos zerar o índice, graças a ação do repelente. Este ano, todas as
cidades vizinhas estão com foco de seis a sete pontos no LIRA, e a gente está em 1.3, o que aponta
estabilidade. Atribuímos ao repelente, além do tratamento feito em casa”, observou.

Uma das responsáveis pela execução do projeto no município, a enfermeira e coordenadora da
Atenção Básica, Kátia Mayane Baldoino Torres, lembrou que a distribuição dos repelentes é fruto
da parceria da Secretaria de Saúde do Município com a UEPB, sendo responsável pela produção e
distribuição do produto nas escolas e na comunidade.

Em breve, o repelente também será distribuído na Zona Urbana. Todo o produto orgânico é retirado do Laboratório Vivo instalado na escola municipal da localidade de Bom Jesus. Sabendo da eficácia do repelente, Mayane afirmou que a equipe da Atenção Básica do município, tem incentivado a produção e distribuição do produto em todos os eventos realizados na cidade, bem como no programa Saúde na Escola. “Agora estamos partindo para uma segunda etapa, que é educar a população para guardar a
embalagem, e levar para a Secretaria só para fazer a reposição”, observou. A ideia é preservar o
meio ambiente, reutilizando as embalagens.

Coordenador do projeto, o professor Cidoval Morais de Sousa, comemorou a indicação e destacou
alguns dos aspectos do projeto que possibilitaram que a experiência concorresse ao prêmio “Aqui
tem SUS”. Primeiramente, ele destacou que se trata de um projeto que apesar das ideias terem
nascido dentro da Universidade, elas se materializaram fora da Instituição, com a participação da
comunidade a partir da escuta e do diálogo de saberes.

O professor observou ainda, que o projeto serviu para mostrar que existem alternativas de
enfrentamento do Aedes para além dos projetos e programas centrados apenas no uso de produtos
químicos. “Nós estamos mostrando como o Projeto Zika que é possível enfrentar doenças com
recursos que a própria comunidade dispõe, e com menos risco para a saúde da comunidade e do
meio ambiente”, observou.

Com um olhar especial para combater a doença, Cidoval fez questão de ressaltar que o
enfrentamento das doenças causadas pelo mosquito a partir do uso de repelentes contribui, mas não
resolve o problema, que tem natureza estrutural. Na visão do pesquisador, a solução definitiva só
vem com saneamento básico, com água potável disponível para todas as pessoas, com coleta seletiva e destinação segura do lixo e, sobretudo, criando condições de habitabilidade para as pessoas viverem dignamente.

O professor Cidoval explicou, também, que o sucesso de qualquer política de Saúde depende, pelo
menos, de três movimentos fundamentais: a intersetorialidade (no caso do Zika, saúde, educação,
infraestrutura, meio ambiente); equipes interdisciplinares; e, sobretudo, parcerias interinstitucionais,
no caso do Zika, que envolve a prefeitura e universidade.

O projeto Zika da UEPB já tem quase cinco anos de existência, e está sendo executado em cinco
etapas. A primeira fase do projeto consistiu na escutatória da comunidade, seguido da construção de
um programa de formação para ampliar o debate valorizando os saberes e conhecimentos, e ainda
agregando aos saberes técnicos científicos da universidade.

Após percorrer essas etapas, o projeto seguiu para a construção de ações concretas de uso dos saberes, que consistiu na expansão dos laboratórios através do cultivo e distribuição das mudas às comunidades para reprodução.

Em uma das fases do projeto, aconteceu a instalação das unidades demonstrativos, também
chamados de Laboratórios Vivos, e ainda o plantio, cultivo de mudas de plantas, realização de
oficinas com a formação de professores, técnicos e agentes de saúde.

Depois, o projeto chegou a 4ª etapa com o aprofundamento dos experimentos e enfrentamento do controle do mosquito, avançando ainda mais com a distribuição dos repelentes. A produção dos repelentes aconteceu nos três dos 12 municípios que integram o Consórcio, com destaque para o município de Junco.

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