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Pocinhos

Ossos humanos com mais de 1,6 anos de 12 pessoas com marcas de corte de desmembramento são encontrados em Pocinhos

Ossos de 12 humanos de 1,6 mil anos foram encontrados em Pocinhos, na Paraíba. O responsável pelas escavações foi o professor Flávio Moraes, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em parceria com o arqueólogo Plínio Araújo Víctor, que é mora em Pernambuco, mas é de Pocinhos. O estudo foi realizado entre 2017 e 2018 e está sendo divulgado agora por causa do tempo de análise.

“É como se os ossos fossem cortados para desmembrar os indivíduos e eles pudessem caber dentro do mesmo espaço. Essa é uma evidência raríssima. No Nordeste, são encontradas variedades enorme de formas dos antepassados de sepultar seus mortos, mas só uma delas apresentam marcas como essa e nunca tão evidente como agora”, disse Moraes.

Entre a ossada, há 12 pessoas, sendo três adultos. Os ossos de indivíduos não adultos, inclusive bebês de 3 e 6 meses e crianças de 1, 2 e 6 anos, também apresentam marcas de corte de desmembramento, especialmente, nos ossos longos, que aponta para o padrão de sepultamento dos povos pré-históricos.

“Os estudos que já ocorreram no mesmo contexto apresentam evidências parecidas, em locais similares. Certa vez, foi perguntado a um grupo indígena do Nordeste, os Xucurus, o porquê desse tipo de sepultamento em abrigo sob rocha. Isso detona um cuidado com os mortos. Segundo eles, é como se fosse um ventre materno. Na cosmologia deles, essas pessoas que se foram não morrem, mas nascem para uma nova vida. Nada mais natural colocá-los num ambiente com uma representação do ventre materno. Em outros sítios, a gente encontra indivíduos em posição fetal”, explicou.

Moraes relatou que a escavação foi feita em Pocinhos por causa do arqueólogo. “O Plínio Araújo Víctor tem uma relação afetiva com a cidade. Numa conversa, ele lembrou-se que subia nesse ponto e junto com os colegas encontravam cabeças humanas e jogavam lá de cima. E elas iam rolando. Hoje ele é arqueólogo e decidimos fazer a pesquisa. Chegando lá, tinham vértebras, costelas e falanges. Foi aí que deu início ao processo da pesquisa”.

Fonte: Jornal O Globo

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